Padroeira
De acordo com os Padres da Igreja, santo Epifânio e são João Damasceno, Ana significa “graça e misericórdia”, nome bem apropriado a ela, que é mãe da Virgem Maria, chamada também Senhora das graças e da misericórdia. Ana, como Maria, foi enriquecida de graças e misericórdia porque o Senhor a presenteou com uma filha privilegiada, aquela que, dando seu “sim” a Deus, tornou-se a Mãe do Salvador. Nas Sagradas Escrituras encontramos três mulheres com o nome de Ana: a mãe do profeta Samuel, a mulher de Raguel, parente de Tobias, e a profetisa Ana, que foi ao encontro de Jesus no dia de sua apresentação no Templo.
“Pelos frutos conhecereis a árvore”, disse Jesus no Evangelho de São Mateus (7,20). Conhecemos o fruto do amor de Ana e Joaquim, que foi a Virgem Imaculada, santificada desde o primeiro momento de sua concepção no seio materno. Os avós de Jesus são mencionados no protoevangelho de Tiago, escrito no século II. Ana era filha de Mathan, um sacerdote que vivia em Belém e tinha mais duas filhas: Sobé, que foi a mãe de Santa Isabel e avó de São João Batista, e Maria, que foi a mãe de Maria Salomé.
Ana casou-se com Joaquim, homem rico de Nazaré e dono de numerosos rebanhos. Joaquim é um nome bíblico e significa “o homem que Javé confirma”. Passaram-se os anos e não tiveram filhos, por isso eram discriminados publicamente, o que lhes causava grande desgosto. Porém, tementes a Deus, como eram, não perdiam a esperança e entregavam-se confiantes à vontade de Javé, que certamente ouviria de bom grado suas incessantes preces. E o milagre aconteceu.
Joaquim retirou-se para orar no deserto, onde permaneceu por 40 dias. Deus atendeu aos apelos de seus servos e enviou um anjo a Joaquim e a Ana, dizendo que teriam um filho que seria grande e famoso em Israel. Ana e Joaquim acreditaram na palavra do anjo, com humildade e gratidão. Ao voltar do deserto, Joaquim encontrou Ana à porta de ouro de Jerusalém, esperando-o para lhe dar a alegre notícia. Ana e Joaquim exultaram de júbilo, como predissera Isaías, sentindo-se visitados e abençoados por Deus. E Maria Santíssima, a mãe de Jesus, nasceu imaculada e santa para alegria do céu e da terra.
Ana e Joaquim haviam feito uma promessa: a filha nascida miraculosamente seria consagrada ao Senhor. Por isso, quando Maria completou três anos, foi levada ao Templo para viver entre as jovens consagradas ao serviço de Deus. Diz a tradição que ela subiu com alegria os degraus que a levavam à casa do Senhor. E ali viveu durante nove anos, dedicada à oração e a ajuda aos necessitados. Ao completar 12 anos, foi encaminhada para o casamento. O escolhido para seu esposo foi José, o carpinteiro de Nazaré, homem justo que honraria sua missão de pai adotivo do Filho de Deus nascido de Maria.
Segundo as tradições, Joaquim e Ana, após a entrega de Maria no Templo, deixaram Nazaré e foram residir em Jerusalém, progredindo cada dia no amor ao Senhor e nas virtudes. Joaquim, conforme se conta, faleceu antes de Ana. Ela, no entanto, passou a viuvez na oração e no recolhimento. Muitas vezes liam e interpretavam as Sagradas Escrituras para o cumprimento da lei e meditação. Antes que Maria saísse do Templo para se casar, Ana, com idade avançada, faleceu e foi sepultada em Jerusalém, ao lado de seu esposo.
A devoção aos pais de Maria é muito antiga no Oriente, onde foram cultuados desde os primeiros séculos de nossa era, atingindo sua plenitude no século VI. Já no ocidente, o culto de Santana remonta ao século VIII, quando, no ano de 710, suas relíquias foram levadas da Terra Santa para Constantinopla, donde foram distribuídas para muitas igrejas do ocidente, estando a maior delas na igreja de Sant’Ana, em Düren, Renânia, Alemanha. No Brasil a invocação a Sant’Ana dá o nome e ou proteção a várias cidades, sendo feriado em 36 municípios.
Seu culto foi tornando-se muito popular na Idade Média, especialmente na Alemanha. Em 1378, o Papa Urbano IV oficializou seu culto. Em 1584, o Papa Gregório XIII fixou a data da festa de Sant’Ana em 26 de julho, e o Papa Leão XIII a estendeu para toda a Igreja, em 1879. Na França, o culto da Mãe de Maria teve um impulso extraordinário depois das aparições da santa em Auray, em 1623. Tendo sido São Joaquim comemorado, inicialmente, em dia diverso ao de Sant’Ana, o Papa Paulo VI associou num único dia, 26 de julho, a celebração dos pais de Maria, mãe de Jesus.
Sant’Ana é invocada como protetora especial das mães, pois ela foi a mais santa e a maior das mães depois de Maria Santíssima. As mães cristãs a invocam com confiança e colocam sob a sua proteção os filhos, mesmo antes de nascerem. Em alguns lugares, há o piedoso costume da benção das velas de Sant’Ana, que são acesas na hora do parto.
Sant’Ana é protetora, de maneira especial, das mulheres estéreis que querem ter filhos e daquelas que preveem alguma dificuldade para o próprio parto. Ela que viveu a experiência de uma maternidade difícil certamente ajudará a todas que a invocarem com fé.
No dia 26 de julho, comemoramos o dia dos idosos e também dos avós, uma vez que Sant’Ana e São Joaquim eram os avós de Jesus
Cristo e segundo a tradição conceberam Maria Santíssima na velhice. Recebendo tão grande missão, já em idade avançada, são constantemente invocados pelos idosos quando padecem dos pesos e dificuldades da vida.
Tendo feito participado da Santa Família de Jesus, são também invocados como protetores da família. Dom Joel Ivo Catapan, bispo auxiliar de São Paulo para a Região Episcopal Sant’Ana, durante 24 anos, compôs uma belíssima oração à Sant’Ana pedindo pela santificação das famílias:
Senhora Sant’Ana, fostes chamada por Deus a colaborar na salvação do mundo. Seguindo os caminhos da Providência Divina, recebestes São Joaquim por Esposo. Deste vosso matrimônio, vivido em santidade, nasceu Maria Santíssima, que seria a Mãe de Jesus Cristo. Formando Vós família tão santa, confiantes nós vos pedimos por esta nossa família. Alcançainos a todos as graças de Deus: aos PAIS deste lar, que vivam na santidade do matrimônio e formem seus filhos segundo o Evangelho; aos FILHOS desta casa, que cresçam em sabedoria, graça e santidade e encontrem a vocação a que Deus os chamou. E a TODOS nós, Pais e Filhos, alcançai-nos a alegria de viver fielmente na Igreja de Cristo, guiados sempre pelo Espírito Santo, para que um dia, após as alegrias e sofrimentos desta vida, mereçamos também nós chegar à casa do Pai, onde vos possamos encontrar, para junto sermos eternamente felizes, no Cristo, pelo Espírito Santo. Amém.